Anastacia Bondarenko |
Rod Stewart como música ambiente, uma Flammkuchen de presunto e espargos para o jantar e muito bem acompanhada pela minha Luxwoman e pelo João Tordo. Este ambiente tão intimista e a meia luz do Mio Ristorante têm-me feito pensar.
Eu gosto mesmo muito de viver, de explorar as várias hipóteses que a vida me tem apresentado. Não me deprime pensar no impossível, mas gosto de sonhar com aquilo que gostava que acontecesse. E às vezes, mais do que querermos muito uma coisa e ela se realizar, acontece muito o que nunca sonhámos se realizar. E no meio desses sonhos não sonhados estaria o dia em que me sentiria perfeitamente bem na minha companhia, sem recriminações, sentimentos de culpa ou pensamentos negativos. Sinto que estes momentos de tempo entregue a mim própria são o ponto alto da minha relação com o meu eu e o meu ego.
Claro que não deixo de me preocupar comigo e com o facto de não ser tão perfeita como gostaria, principalmente porque às vezes não gosto muito do que vejo no espelho, mas se eu não me mimar de vez em quando, quem o fará? Estou a muitas centenas de quilómetros de todos os que amo e tenho de continuar a sentir-me bem. Por fora, e por dentro, principalmente.
E sinto. Não sinto que os esteja a prejudicar em nada com a minha ausência - bem, aqui haverá com toda a certeza quem me possa contrariar, porque sei que sentem a falta de mim, do que eu represento na vida de cada um deles, do peso que a minha presença tem nas recordações dos momentos em conjunto, dos risos, das confidências, dos ralhetes, dos beijos, das saídas, dos almoços e jantares em família, dos momentos importantes na vida de cada um - , mas sinto que a minha vida passa muito por estes momentos de reencontro comigo. Nada na minha vida foi forçado, as coisas aconteceram assim porque houve decisões, cruzamentos e alternativas que me trouxeram até aqui.
E se houve pessoas que tiveram de ficar pelo caminho - algumas com quem deixei de me dar; e outras, que ao contrário do que parecia à primeira vista, me fizeram muito mal - muitas outras continuam ao meu lado hoje, acompanhando este percurso tão acidentado que é a minha vida. Dão-me força e ânimo nas alturas em que não me sinto tão segura como hoje.
Nunca senti que a minha vontade de lutar por aquilo que me faz feliz enquanto pessoa chocasse com o que as pessoas esperam de mim. Não sou ingénua ao ponto de pensar que este meu feitio é isento de complicações, mas quanto à família não podia querer melhor. Os meus pais (e restante família de sangue - uns mais que outros, claro) estão bem se eu estiver bem, seja a morar em casa deles ou debaixo da asa, seja noutro sítio qualquer. E quanto a todas as outras pessoas que fui eu que escolhi para a minha vida, não me posso queixar da sorte.
Em maior ou menor grau de preocupação, sinto que todos apoiam este meu lado de completa loucura, porque percebem que muito mais do que ganhar dinheiro, a minha existência tem como objectivo 'ganhar vida'. Conhecer pessoas, coleccionar momentos, viver acontecimentos e desenvolver histórias.
E é bom não me saber sozinha neste caminho, apesar dos muitos passos que nos distanciam. e sinto-me abençoada.
Às vezes dá-me para isto...e estas reflexões ficam um bocadinho nonsense!
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