Acordo ou desacordo?

Notícia do Público acerca do Acordo ortográfico: A ortografia não vai a votos (Nuno Pacheco)

"Os que o defendem, dão-no por adquirido; os outros, os que ainda lhe resistem, talvez o vejam como facto consumado. A verdade, sintomática, é que nenhum (NENHUM!) dos partidos a ele recorreu para a escrita dos seus programas eleitorais"

E seguem-se os exemplos na notícia de palavras com a grafia pré-acordo nos programas eleitorais de todos partidos, ressalvando o facto de quase todos referirem a importância da promoção da língua e da cultura portuguesas: 

• Para o PCP parece importante "promover a expansão e qualificação do ensino da Língua e Cultura Portuguesas”; 
• O PS quer promover a identidade cultural “consolidando a aplicação do Acordo Ortográfico em Portugal e nos países da CPLP”; 
• Segundo o PSD devem “promover-se novas formas de apoiar o ensino português como língua materna”;
• O CDS refere a língua 'como argumento para manter um canal público de televisão ora para dizer que, junto com o património imaterial, ela é um factor de “afirmação de Portugal” '
• o BE abstém-se.

A mim parece-me, meus caros, que como de costume querem pôr o carro à frente dos bois. É claro que se há interesse (vários, pelos vistos, e não sei bem se serão todos de louvar) de haver uma unificação da língua, deviam ser os primeiros a dar o exemplo e não mandarem postas de pescada para inglês ver. Como de costume começa-se por cima, o que também não facilita a adesão das pessoas.

Em percebo, em parte, qual é o objectivo do acordo - unificação da grafia do português para facilitar o ensino e a comunicação nos 8 países onde é língua oficial  e os mais de 200 milhões de falantes da línguas, e ao contrário do que se pensa por aí, também vai haver alterações à grafia da norma brasileira. 

Só não compreendo uma coisinha. Se a versão do acordo está, na sua génese, aprovada desde 1990, qual é o sururu nos últimos tempos acerca disto? Passou a vigorar em janeiro de 2009 e agora está toda a gente contra porque temos quase de voltar à escola para reaprender a escrever? Não será difícil seguirem-se as novas normas.

Informação, gente, informação, é o que vos digo.

As alterações à grafia são significativas no sentido que nos fazem passar a escrever algumas palavras conforme as dizemos, omitindo-se assim aquelas letras que já não se liam mesmo, como por exemplo: óptimo, acção, adopção e outras tantas. Também há mudanças na utilização do hífen, na acentuação e na utilização das minúsculas, só para referir as principais mudanças. 

Admito que também ainda me fazem 'espécie' por irem contra o que aprendemos na escola e o que consideramos correcto. Mas como professora sinto que tenho o 'dever' de estar sempre informada para não incorrer em erro e dar informações erradas aos alunos.

No entanto, um bocadinho de preocupação  com o assunto, alguma pesquisa na net e voilá, encontram-se referências às principais alterações: aqui, ou aqui, e guia prático aqui. Para verificar se estamos a escrever bem ou para tirar dúvidas, podem usar-se conversores, como estes: da Porto Editora, ou no Portal da Língua Portuguesa.

No próximo ano lectivo já vigorará no ensino oficial do Português e o Estado e todos os seus organismos passarão a reger-se pelas novas regras. Embora haja um período de adaptação até 2016. Assim, para além de barafustarmos com a situação devemos investir um pouco nisto para não escrevermos com erros. Para além daqueles que já grassam por todo o lado como uma epidemia...

Eu estou a tentar fazer a minha parte!

P.S. - Nota-se muito que este assunto está a ser o meu objecto de estudo nos últimos tempos ;)??