quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Fazer ou não fazer, eis a questão?

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A Laurinda Alves é sempre tão coerente e tão pungente com aquilo que defende e como eu concordo inteiramente com a sua opinião sobre este assunto, não podia deixar de publicar aqui:
Sou pelo direito à greve e por outros direitos fundamentais, mas nestes tempos de crise global e neste momento tão particular que o país atravessa defendo o dever de trabalharmos, de contribuirmos e de construirmos muito mais e muito melhor. Chocam-me algumas medidas, em especial aquelas que continuam a proteger os mais ricos e a desproteger os mais pobres. Também me repugnam as reformas vitalícias de milhares de euros de alguns políticos precisamente por terem sido eles a tomar decisões que contribuiram para enterrar o país (e falo de políticos de todo o espectro partidário, notem!), mas sinto que não é tempo de fazer greve, muito pelo contrário! Todos não somos demais para evitar que este país afunde. Por tudo isto, enquanto alguns apelam à greve geral eu aposto na convocação nacional ao trabalho.  

Dias destes são muito inspiradores e regeneradores. Re-energizadores, mesmo. Amanhã não faço greve e ainda que respeite profundamente quem adere a esta forma de manifestação, não vejo vantagem nenhuma em paralisar o país no auge da crise. Já aqui disse e repito: há 5 anos que sou freelancer, vivo sem subsídios de férias e de Natal, nunca estive no Fundo de Desemprego (embora já tenha estado vários meses desempregada), quando trabalho ganho e quando não há trabalho não ganho um único cêntimo; passo a vida a recriar-me, a inventar novas ideias ou novos projectos e a tentar que outros acreditem neles e em mim. Olho para estes anos e realizo que trabalho pelo menos 3 vezes mais para ganhar 3 vezes menos e nisto estou em absoluta comunhão com aqueles que sentem na pele a precaridade dos contratos de trabalho e a efemeridade dos projectos. Tal como muitas outras pessoas que conheço, continuo a fazer muitas coisas pro bono, a envolver-me em causas e a fazer voluntariado. Reformulei a minha vida, reorganizei as minhas prioridades e fiz o chamado downsizing. Vendi o carro e não voltei a comprar outro, ando a pé e de transportes públicos e, no geral, contenho todas as minhas despesas. Ou seja, estou entre os milhões de pessoas no mundo que estão a ser chamados a lutar, a trabalhar, a construir e a viver de acordo com critérios mais afinados e solidários. Por tudo isto e não só por isso, amanhã trabalho e dou o meu contributo a este país.

3 comentários:

  1. Pois é, e como já escrevi num comentário noutro blogue, repito: depois de ter passado pela infeliz situação do desemprego, agora não largo o meu trabalhinho por nada. Antes também não largava, mas agora estimo-o ainda mais.
    Infelizmente, não consigo fazer grande coisa, porque sempre que tenho algum assunto para tratar não consigo, não há pessoal do outro lado.

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  2. @ Laura - E se soubesses o transtorno que me causa ter sido feriado estas duas últimas 5as feiras... Eu gosto de trabalhar, por isso preferia estar fora de casa, do que a preparar e arrumar e a organizar as aulas aqui em casa...
    @ Isabel: Acho que há por aí muito boa gente que se queixa de barriga cheia! Sacrifícios todos temos de fazer, portanto quanto mais depressa nos mentalizarmos, melhor! E greves? Não adiantam de nada no estado em que estamos!

    Beijinhos*

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