Hillary Clinton e Luís Amado "Por que é que a beleza é tão importante quando se fala da mulher? Porque o valor das mulheres ainda é medido pela aparência física. A beleza delas está sob permanente escrutínio público. Faz-me confusão que o cabelo de Hillary Clinton seja mais do que um assunto de café e mereça discussão nos jornais, porque nas entrelinhas está-se a discutir o comportamento privado dela, senão mesmo a sua competência enquanto responsável política. Se amanhã David Beckham fizer uma nova tatuagem fala-se muito disso, mas ninguém parte daí para interrogar as características dele enquanto homem ou futebolista."
Salomé Coelho, psicóloga, 27 anos, vice-presidente da União de Mulheres Alternativa e Resposta - UMAR
no Público: 'Há várias perguntas no cabelo de Hillary Clinton?'Faz-me um bocadinho espécie porque é que em vez de se falar nas competências políticas da senhora, venha ao caso os penteados que tem ou que deixa de ter por estar na meia idade. Claro que a beleza física tem sido sempre importante na sociedade e ainda mais actualmente, em que o culto do corpo e da beleza está no seu auge com a cirurgia estética a ter um crescimento brutal, mas avaliar alguém só pelo seu aspecto não será extremamente redutor?
Quando conhecemos alguém, criamos sempre uma primeira impressão tendo em conta a roupa que a pessoa veste, o penteado que usa, a maquilhagem ou os acessórios, os sapatos e todo o conjunto mesmo antes do primeiro olá. Muitas vezes essa primeira ideia que temos da pessoa vai condicionar a conversa, porque achamos que a pessoa se encaixa num determinado parâmetro e depois ficamos bastante surpreendidos quando isso não acontece. Eu adoro quando conheço alguém e a pessoa me surpreende com uma personalidade completamente diferente daquilo que eu imaginava. Muitas vezes a roupa que usamos está conscientemente adaptada à imagem que queremos transmitir para os outros, tendo em conta o nosso trabalho ou o meio onde nos movemos, mas isso não é desculpa para deixarmos a nossa personalidade ser abafada pela roupa que vestimos.
Eu assumo-me como clássica na maneira de vestir, mas não acho que a minha vida tenha muito a ver com isso. É verdade que casei com 24 anos depois de terminar o curso, e que estou a pensar ter filhos antes dos 30, mas ao longo destes 26 anos de vida tenho feito tanta coisa tão diferente e tão recompensadora que não me sinto nada pressionada pelo estilo de roupa que uso.
Já tive vários comprimentos e pelo menos 3 cores de cabelo diferentes e acho que isso nunca me prejudicou em nada. Até me beneficiou, pelo menos na auto-estima, porque é tão bom ouvir as amigas a dizer que gostam muito mais de ver com um penteado novo, apesar do R. preferir o cabelo comprido. Os meus alunos também me disseram que eu parecia 10 anos mais nova, o que até um bocadinho absurdo, porque com 10 anos a menos teria 16!!
O que eu acho é que nos devemos sentir confortáveis na nossa pele e na idade que temos, vestindo e usando roupa que nos favoreça tendo tudo isso em conta e não cedermos à pressão social para usarmos o que se diz que é indicado para nós. Pessoalmente até gosto de ver a secretária de Estado assim com o cabelo mais comprido. Não fica com um ar tão sério nem tão rígido.
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