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Lembro-me de no secundário adorar analisar poesia. Gostei de perceber os poemas e os temas. Sei que não fiquei a gostar particularmente de Fernando Pessoa, embora reconheça a grandeza da sua obra.
De todos as personas que Fernando Pessoas criou, o que gosto mais é mesmo o ortónimo. E e embora este poema seja de Ricardo Reis, é o que me faz identificar mais.
De toda a poesia e poetas portugueses que conheço, a grande senhora que dá pelo nome de Sophia de Mello Breyner Andresen é a minha preferida. Lembro-me de ter uns catorze, quinze anos e pedir à minha mãe para ir à FNAC comprar a 'Obra Poética' integral e li-a de fio a pavio várias vezes.
Terror de Te Amar
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in “Obra Poética”
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