Da Páscoa

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Houve uma altura em que realmente senti que festejei a Páscoa como deve ser. Acho que teria os meus 14/ 15 anos. Participei duas vezes em retiros pascais com o grupo de jovens do qual fazia parte e foi tão bom. Fizemos vigílias na igreja e participámos na Via Sacra e consegui perceber o que é que a Páscoa significa. E depois vinha a parte da família, já que a atividade terminava depois da missa de Páscoa no domingo e eu e a minha irmã chegávamos para almoçar com toda a gente à mesa. E havia conversa e toda a gente queria saber como tinha sido e se nos tínhamos divertido. Lembro-me que vínhamos mais caladas que o costume.

Tudo isso foi-se perdendo ao longo dos anos. Estou cada vez mais descrente no poder da Igreja para mudar seja o que for e a vontade de ir à missa foi-se desvanecendo com tudo o que fui conhecendo das pessoas supostamente 'beatas'. A essência pode ser tão diferente da aparência...enfim...

Entretanto, a Páscoa transformou-se em mais só um dia. É normal não conseguir almoçar com o meu marido nos dias festivos, por isso a importância das datas acaba por se perder. Sim, eu sei que posso estar com os meus pais e com a restante família, mas, caramba, o meu marido e eu somos a NOSSA família!

Hoje é o aniversário da minha avó e vamos almoçar fora. Felizmente vai ser possível almoçarmos todos juntos, mas eu sinto que não é a mesma coisa. 

Sinto-me desligada das festividades todas, porque não há aqueles rituais que ligam a família. Ninguém cozinha em conjunto. Não nos juntamos em casa de alguém todos os anos. Não se dá a importância devida às datas. Não nos entusiasmamos por aí além com os aniversários e é comum não haver bolo. Sei que muitas vezes até não me importo, mas hoje precisava que nos preocupássemos mais, precisava que fosse visível e palpável a união da nossa família. 

Gostava que a nossa Páscoa foi símbolo de união. Acho que é isso!

Uma boa Páscoa para todos!