quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Memórias culinárias com o patrocínio d'O Reino da Prússia

Esta rubrica é patrocinada pelo blog da sofia que vive No Reino da Prússia! Obrigada pela inspiração...

Uma das primeiras coisas no campo culinário de que me lembro enquanto gente é dos petiscos em casa da minha avó materna. Petiscos não no sentido daquelas delícias que servem de lanche ou muitas vezes de jantar como as moelas, os camarões cozidos, os caracóis ou o chouriço assado, tendo muito mais a ver com aqueles cozinhados de outros tempos que agora me dão tantas saudades. Eu lembro-me muitas vezes dos pratos que eu e a minha irmã fazíamos na casa da nossa avó. Havia várias coisas, dependendo dos convivas e das circunstâncias. Quando iamos lá dormir, muitas vezes durante a semana, levávamos sempre da loja da nossa mãe, ovos e queijo e mais qualquer coisa - fiambre, chourição ou paio fatiados - para fazermos uma omolete. Como havia por lá sempre sopa ficava um jantar bem aconchegado.
Ainda hoje faço cá por casa algumas vezes estas combinações, mas não sabem ao mesmo. A saudade já cá está instalada nas papilas gustativas e por mais que se tente nunca se vai conseguir atingir os sabores da infância.
Às vezes o nosso pai ia também lá jantar porque a nossa mãe estava a trabalhar até mais tarde, e havia sempre sopa da horta, que não era muito dificil de fazer, e que nos adorávamos. Ficava assim parecida com o minestrone com os legumes aos cubinhos e depois punhamos carne desfiada e rodelas de chouriço. O nosso pai comia tudo, não sei ainda se porque estava efectivamente boa ou porque tinham sido as filhotas a fazer.
Para além destas iguarias que nos fazíamos, os pratos da nossa avó eram sempre deliciosos. Quer dizer, ainda são, porque ela é uma cozinheira de mão cheia e tem uma sensibilidade extraordinária para os temperos. Não sabe ler e como é obvio não segue livros de receitas. Segue aqueles truques antigos que aprendeu quando trabalhava como moça de servir numa quinta por isso os pratos tradicionais ficam sempre maravilhosos.
Pena tenho eu que o jeito para cozinhar assim se tenha perdido algures na transmissão dos genes...

2 comentários:

  1. Ola Miss Blanche Cerise,
    Adorei ler a tua estoria! é muito reconfortante ter leitores assim como tu! :)
    E como eu conheço essa sensaçao, de perder uma qualquer essência, indecifrável, dos cozinhados perfeitos da mãe ou da avó, quando sou eu a tentar reproduzi-los! Uma vez divaguei um pouco sobre o assunto. Se quiseres, dá uma vista de olhos aqui:
    http://daprussia.wordpress.com/2009/11/22/o-corpo-e-a-alma/
    beijinhos!
    Sofia

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  2. Será que as nossas avós também têm essa sensação em relação aos cozinhados das mães e avós delas? Nunca perguntei à minha, mas é possível que esse je ne sais quoi seja apenas a diferença de idades, afinal quando somos crianças parece que tudo sabe melhor, é mais divertido, mais colorido, mais impressionante...

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