segunda-feira, 5 de março de 2012

Dia 2 - Mãe/ Pai

parents 2
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Tenho muito orgulho de poder dizer que sempre tive uma boa relação com os meus pais. Já passamos por vários afastamentos, voluntários ou involuntários, mas sempre soubemos em conjunto ser uma família unida.
Sei que não fui uma criança muito fácil – ai as birras! –, nem muito obediente – gostava de provocar e de medir a autoridades deles, principalmente da minha mãe. Era uma miúda um bocado irritante porque esta energia que ainda mantenho era destinada a fazer muitas asneiras. A minha mãe tinha a mão pesada, portanto essas asneiras tinham muitas vezes consequências físicas, mas não foi por isso que deixei de ser uma criança feliz. Lembro-me de andar na brincadeira até ser noite e a minha mãe nunca ralhar e haver muitos momentos memoráveis entre nós. Ainda falámos nisto há pouco tempo: as férias em conjunto, as idas à praia, as brincadeiras, as lembranças que eu e a minha irmã fazíamos para eles e sei que tanto eu como eles ficámos com um nó na garganta.
Na adolescência tornou-se mais fácil. Nunca fui rebelde e gostava de estudar, portanto dois problemas eliminados à partida. Continuava era a ter o nariz empinado, por isso houve muitas vezes ‘choques’ frontais com a minha mãe e raramente a consegui fazer mudar de opinião. Ela costumava dizer: ‘tens a mania que vais mudar o mundo’ e, apesar de isso parecer um elogio, eu sentia esta frase como a maior afronta de sempre e ainda ficava mais chateada. No entanto, sempre houve liberdade com responsabilidade – começámos a sair à noite no dia do nosso 17º aniversário e desde aí nunca houve proibições para sair, apesar de ter havido sempre uma hora limite para chegar a casa. Sem qualquer stress. Durante a faculdade inclusivé. Apesar da minha irmã ter ido estudar para o Algarve e ter havido muito frisson quando os meus pais descobriram que fumava, eles sabiam que ela não o fazia para ser rebelde nem para os confrontar; era mais uma coisa do grupo, como tal entretanto o vício perdeu-se e não foi porque os meus pais a tivessem pressionado.
Eu e a minha irmã gostávamos da confiança que os nossos pais depositavam em nós, por isso também tentávamos merecê-la e era muito bom ouvir da boca de outras pessoas que a minha mãe e o meu pai tinham tido muita sorte com as filhas que tiveram.

Isso é mentira. Nós é que tivemos muita sorte com os pais que tivemos. Todos os valores que pautam a nossa vida: trabalho, esforço, dedicação, honestidade, justiça, empatia e alegria foram os nossos pais que nos transmitiram, portanto o orgulho de sermos filhas deles é todo nosso!
E o medo de os perder torna-se cada vez maior, quanto mais os vamos compreendendo e conhecendo.
[Já escrevi várias vezes sobre a minha mãe aqui no blog e sendo muitas escritas com uma ternura mal dissimulada, também sei que muitas delas  foram desabafos acerca de coisas que me disse que serviram de lição. Posso não ter gostado, mas pelo menos puseram-me a pensar! Somos demasiado parecidas para termos uma relação completamente pacífica, e por vezes acontece assustar-me com esse fato, porque sei que quanto mais velha estou, mais parecida estou com ela e isso dá-me um bocado de urticária, porque prezo muito a minha personalidade. Quem sai aos seus, não degenera, portanto tenho mesmo de aprender a lidar com isso!

O meu pai é um pilar sempre presente. É muito calado, mas nem por isso deixa de marcar a sua presença na minha vida, e muitas vezes das formas mais surpreendentes (nas imagens do meu casamento é vê-lo a chorar como nunca o tinha visto! É sempre uma emoção rever o vídeo).]

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