quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Da minha vida como professora...*

Não sei se foi do chá de lúcia-lima de terça à noite (que me deu uma bendita noite de sono e uma birra monumental por ter de me levantar do sofá para ir para a cama), ou se foi de bons conselhos (pôr um pózinho na cara e vestir uma roupinha mais gira!) ou se foi do convite para almoçar, mas o  que sei é que ontem acordei cheia de vontade de fazer coisas.
Fui andar/ correr, tomei um duche rapidinho, resolvi uns quantos assuntos por telefonema e por mail, revi a programação semanal da minha pessoa, planeei algumas aulas e ainda tive tive tempo para almoçar com uma amiga, ir aos meus pais e fazer dois recados. Portanto, o dia correu bem...até chegar à escola. 
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Bem, não foi tão mau como noutros dias, mas houve alguns problemas de comportamento (os miúdos têm bicho carpinteiro e parece não conseguem estar sentados nem com atenção e depois eu chateio-me...respira..um...dois...inspira...expira...), mas aproveitei o intervalo para falar com a coordenadora sobre isso e ela disse-me que como eu estou interessada, há várias coisas que posso fazer com eles. Referiu-me os recursos que a escola tem e que posso usar para os cativar e eu fiquei entusiasmada, já que não temos manuais, ao menos que consigamos trabalhar de outra maneira! Deu-me a entender que no ano passado havia muito boa gente que não se preocupava com as coisas, que andava lá só a ganhar dinheiro, o que me deixou de boca aberta. E concordo em absoluto com o que ela diz: 'Há muitas maneiras de ganhar mais dinheiro de uma forma mais fácil, não é preciso andar a brincar aos professores!', porque os miúdos é que ficam prejudicados. Então as turmas que são! Miúdos, na sua maioria, difíceis, carentes, de famílias desestruturadas e negligentes.
Eu sei bem que são os que dão mais luta, mas que no fim de contas são os mais verdadeiros, mais dados e mais interessados, desde que os consigamos agarrar e interessar. Parece-me uma tarefa hercúlea, mas tenho esperança de a conseguir realizar!

* que apesar de não me definir enquanto pessoa, é uma parte enorme de mim!

Na companhia do Mr. Leto e da sua banda:
30 Seconds to Mars 'Alibi'

2 comentários:

  1. Sabes, B. Cérise, estou há 3 anos numa escola com alunos desse tipo, de bairros sociais às portas de Lisboa. Os miúdos são complicados, sem dúvida; as famílias demasiado desestruturadas e displicentes.

    Mas, no fim de cada aula, no fim do dia, no fim do ano... aqueles sorrisos, aqueles olhos a transmitirem um afecto envergonhado... a reacção deles a cada gesto de carinho, a cada palavra de incentivo... vale tudo! Vale os ralhetes, vale os sermões, vale os dias difíceis, o chegar a casa estoirada.

    Acima de tudo, são miúdos sedentos de afectos e amor. E esta profissão, que escolhemos e amamos, é por vezes a única forma de eles terem alguém que se preocupe com eles e que trate com carinho e 'mimo' :)

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  2. Olá Mónica,
    É por saber que há colegas que estão em situações e em escolas muito, muito piores que ganho ânimo para ir para a escola e trabalhar com eles.
    Já estão lentamente a melhorar o comportamento, porque me parece que aquela fase de teste e de medir de forças já passou e agora já estão mais adaptados a mim e eu a eles.
    Dá-me gozo preparar-lhes atividades em Powerpoint e levar-lhes músicas porque os miúdos deliram!
    Obrigada pela partilha:)

    Beijinhos*

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