quarta-feira, 22 de junho de 2016

Novidades do planeta de baby cérise #19: o pós parto

Este post anda em rascunho inacabado há meses e agora que a Luisinha está quase a fazer um ano, acho que já merece ver a luz do dia!

Andou por aí um desafio da maternidade no facebook em que fomos desafiadas a publicar fotos de momentos ternurentos e cutchi-cutchi do nosso papel de mães e da nossa relação com os nossos filhos. Eu fui nomeada, mas não publiquei nenhuma foto da Luísa (já publiquei fotos dela, mas nunca fotos que invadam a privacidade dela nem da carinha dela) nem tenho só fogo de artifício e coisas espetaculares para dizer sobre a maternidade. Muito pelo contrário, principalmente durante o pós parto. Publiquei uma citação e um texto curto sobre o pós-parto e recebi alguns comentários de apoio, porque realmente o pós-parto ainda é um pouco tabu, principalmente quando não é cor-de-rosa como é suposto (agora já sei que nisto da maternidade, não há coisas certas nem erradas...)
Fui nomeada no desafio da maternidade, e em vez de publicar fotos da princesa, publico uma frase que para mim resume o que é ser mãe. Children spell love... T-I-M-E
A gravidez foi ótima e correu tudo bem, mas o pós parto foi horrível com muitos dias difíceis, de dúvidas, de muitas dificuldades e muito medo de não estar a fazer as coisas certas. Passei muitas e muitas horas sozinha com ela a conhecê-la e a conhecer-me como mãe e tem sido uma experiência altamente enriquecedora, mas também muito difícil!

Felizmente passou, mas continuo a dedicar muito do meu tempo livre à minha filha e adoro brincar com ela e tirar-lhe fotos. Não vêm parar ao fb porque acho que há de ser ela a decidir, na devida altura (daqui a uns bons anos, portanto!) se e o que quer partilhar. 
Se publiquei meia dúzia de fotos dela é muito e nunca onde se veja a cara! A privacidade dela é muito importante para nós!

Em 2 palavras: foi horrível! Senti muito medo de não ser capaz de arcar com tanta responsabilidade, sentia-me tristíssima e completamente desmoralizada. E ainda me sentia pior por saber que não é assim que nos devemos sentir. Supostamente a maternidade só tem um lado e é cor de rosa com tudo a correr bem e ninguém vê (ou quer saber!) do outro lado, que eu acho que afeta todas as mães, ainda que a muitas mulheres seja muito levemente.
São as hormonas que andam descontroladas (pudera, depois de um parto há todo um festival de mudanças no nosso corpo), o cansaço extremo, as novas responsabilidades (acredito que neste ponto a coisa melhore quando se tem outro filho, porque já se sabe como é, ainda que os bebés sejam todos diferentes), a habituação à rotina, o novo papel de mãe para além de mulher, enfim, um rol de coisas novas para as quais ninguém nos preparou!

Antes de ficar grávida achava que os baby blues eram um mito, afinal temos nos braços a coisa mais preciosa da nossa vida, o bebé que tanto ansiámos e desejámos durante a gravidez e afinal só nos apetece chorar? Pura parvoíce... Ahhh, pois, mas não... Chorava porque andava exausta, porque não consegui uma ligação emocional instantânea com a cerejinha, porque andava quase paranóica com as coisas para fazer, porque não dormia quando ela dormia (ou porque ficava a olhar para ela, ou porque as coisas da casa não se faziam sozinhas), porque a miúda nunca gostou muito de mamar, porque sentia a falta da minha mãe para me ajudar (quando os meus pais se foram embora, chorei tanto, tanto...)


Não ajudou nada ter uma infeção na cicatriz da cesariana que só sarou por completo na véspera de irmos de férias. Passei mais de um mês a tomar banho a prestações e a sentir-me 'defeituosa' por ter ficado com a infeção (eu sei que há pessoas com problemas bem mais graves, mas com as hormonas descompensadas, a cabeça fica atrofiada e não se pensa direito!) A médica informou-me dos riscos da cesariana, mas nunca pensei que me acontecesse isto a mim. Não sei se foi do calor, de algum esforço que tenha feito, ou se tinha de ser assim...

Lembro-me perfeitamente de serem 2 ou 3 da manhã e de eu me ter levantado da cama, onde não estava a conseguir dormir, para ir arrumar a loiça da máquina e a pôr a roupa a lavar e acho que isso diz tudo da noção de bom senso que tinha na altura. Realmente, sempre fui relativamente bem organizada com as coisas da casa, mas naquelas semanas a seguir ao parto, parece que andava paranóica com coisas fora do sítio... passava horas sozinha, porque o meu marido não teve direito a licença de paternidade como em Portugal (aliás, aqui na Suíça, no máximo são 3 dias!) e quanto mais coisas fazia, mais coisas encontrava para fazer e a juntar aos muitos acordares noturnos (ia espreitá-la à alcofa e depois à cama de grades para ver se respirava, ouvia um suspiro e acordava, ela chorava e eu a pé... enfim), andava de rastos.
Do que fui lendo, fui percebendo que era uma fase e realmente as coisas acalmaram bastante desde que regressámos de Portugal. A Luísa começou a dormir muitas horas durante a noite ao fim de um mês e eu Portugal afinámos as rotinas e percebemos que afinal até estávamos a fazer as coisas certas! Fez-nos muito bem a todos termos ido de férias e vim com o coração cheio e preparada para mais uns meses de Suíça, embora não tenha sido fácil passar 24h com ela durante os 5 meses da licença e muitas horas por dia depois de ter voltado a trabalhar.

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